Syreś Boläeń incentivou a ONU a reagir à utilização dos povos indígenas por Moscovo na sua guerra contra a Ucrânia
Syreś Boläeń, décano-chefe do povo erziano [morduínio] eleito a este posto na República da Mordóvia em 2019, pronunciou um discurso na 21.a Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas.
Publicamente culpou o governo em Moscovo de ter transformado as Repúblicas Autónomas e as zonas compactamente habitadas pelos povos indígenas da Federação da Rússia em regiões com claros sinais de atraso social, a juventude local vendo-se compelida a deixar-se contratar pelas Forças Armadas da Federação da Rússia.
“Enquanto nós estamos a discutir o mandato do Fórum, o Cremlino expede os representantes do meu povo e dos outros povos indígenas da Rússia para destruírem a Ucrânia. A Rússia não reconhece a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, só recorrendo à retórica da protecção das menoridades para se apossar de terras alheias. Desde há muito tempo, a Rússia, em vez de ser uma federação, tem sido uma prisão de povos, em que está a manter, desde há mais de oito anos, também milhões de cidadãos ucranianos. Para além de matarem os Ucranianos, os ocupantes russos igualmente sofrem grandes perdas. No número total de invasores tombados, é desmedidamente alta a proporção dos representantes dos povos indígenas da Rússia que excede de muito a sua relativa proporção na estrutura total da população da Rússia. Indica-o claramente tanto a estatística oficial russa como alguns homens de ciência russos, entre os quais Aleksej Malachenko e Akhmet Iarlikápov”, sublinhou o líder erziano.
O líder do movimento nacional erziano é conhecido não só pela sua posição anti-imperialista, mas também por comandar um pequeno grupo de voluntários erzianos que combate os russos no território ucraniano. É um dos co-fundadores do movimento Idel-Urales livre, propagador da ideia de as seis repúblicas da região do Volga (nomeadamente, o Bascortostão, o Tataristão, a Chuváchia, a Mordóvia, o Mari El e a Udmúrtia) romperem com a Federação Russa e formarem uma confederação nomeada Idel-Urales.
Recorda-se que desde a invasão maciça das Forças Armadas russas no território ucraniano (24 de Fevereiro de 2022) vários líderes dos movimentos nacionais dos povos avassalados pela Rússia fizeram declarações públicas contra a guerra, incentivando os seus conacionais a se absterem de participar nas operações militares contra a Ucrânia. Este número inclui os representantes dos movimentos nacionais checheno, calmuco, buriate, basquir, erziano e tártaro, assim como os líderes de alguns exíguos povos autóctones do Norte da Rússia.
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